Monumentos Que Falam - um passeio geográfico pelos monumentos do centro do Rio.
Por Diogo de Lima
Wagner;
Ricardo Motta de
Albuquerque;
Rodrigo Araújo
do Nascimento;
Sandro Monteiro
Beltrão.
Bom passeio!
Bom passeio!
Segundo Milton Santos,
o conceito de paisagem pode ser visto como:
"Um
conjunto de formas que, num dado momento, exprime as heranças que representam
as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço são as
formas mais a vida que as anima". (2002, p.103).
Refletir na geograficidade existente em cada
estátua observada durante o trajeto do trabalho de campo, “é um método eficaz
de análise espacial, pois oferece inúmeras possibilidades de recortes,
apreensão e conceituação em diferentes escalas” (MAIA, E,J.P.).
Nossa proposta de roteiro para esse trabalho de campo ou
um possível passeio de escola, ou momento de lazer com amigos focou nos
monumentos/estátuas que aparecem com certa facilidade na paisagem carioca do
centro do Rio e ajudam a contar um pouco da importância geográfica desses
lugares. Obviamente essa abundância de monumentos se explica pela importância
geográfica e histórica que a cidade exerceu e ainda exerce até hoje.
Trajeto
proposto – Iniciando na Igreja da Candelária (2 pontos: um na parte de trás e
outro à frente), caminhando pelo Boulevard Olímpico no sentido Praça Mauá,
depois se dirigindo até a Pedra do Sal, subindo pelo Observatório do Valongo,
descendo no Jardim Suspenso do Valongo, indo até o Museu dos Pretos Novos, indo
mais à frente e passando pela Casa de Bonifácio – atual Museu da Escravidão e
Liberdade, e indo por fim ao Colégio Pedro II.
Nossa proposta de
roteiro se deu da seguinte forma:
1)
Igreja da Candelária:
*Pereira Passos;
*Mukher com Ânfora-Oferenda
(Estátua Larissa);
2)
Pira do Povo – Pira dos jogos Olímpicos
de 2016;
3)
Muro da Patromoria;
4)
Praça Mauá:
*Monumento da
participação da Marinha na 1GM;
*Estátua Barão
de Mauá;
5)
Monumento a Mercedes Baptista;
6)
Jardim Suspenso do Valongo;
7)
Cais do Valongo;
8)
Colégio Pedro II - estátua de Bernardo Vasconcellos.
Mapa do percurso. |
Ponto 1 - Estátuas externas à Igreja da Candelária.
A Igreja de Nossa Senhora da Candelária, localizada na Praça Pio X, s/n, é um templo católico localizado
no Centro da cidade do Rio
de Janeiro, no Brasil. É um dos principais monumentos religiosos da cidade,
palco tradicional de casamentos da sociedade carioca.
A igreja teve seu nome associado a dois
eventos marcantes da segunda metade do século XX: o Comício da Candelária no movimento
das Diretas Já e a Chacina da Candelária, um massacre
de moradores
de rua ocorrido nas proximidades da igreja na madrugada de 23 de julho
de 1993 e que teve repercussão internacional.
Seguindo a lógica do tema escolhido pelo
grupo, de realizar observações conectadas a uma abordagem cultural relacionada
aos monumentos (bustos, estátuas e esculturas), neste ponto foram encontradas
duas estátuas: uma na parte de trás e a outra na frente da Igreja da
Candelária.
A estátua que
fica em frente a Igreja da
Candelária, chamada de Mulher com Ânfora - Oferenda,
principal chafariz art-decor em bronze da Cidade, é obra do escultor Humberto
Cozzo. Trata-se da peça "Oferenda" encomendada pela Prefeitura em
1934 a pedido do Prefeito Pedro Ernesto. Segundo informações de jornais da
época, para esconder a ventilação do ar condicionado instalado no Teatro
Municipal do Rio de Janeiro.
É uma das peças que sofreu várias
transferências devido as alterações
urbanas da Cidade. Em 1950 foi transferida
para o Largo da Glória, para embelezar aquele espaço após a retirada da Fonte
Ramos Pinto, que foi para a entrada do túnel de Copacabana. Nesse momento a
obra passou a ter um belo lago circular em granito no formato de uma rosa. Com
o advento da obra do Metrô, em 1975, a peça foi retirada novamente e guardada
no antigo Viveiro de Plantas do Caju, do Departamento de Parques e Jardins, por
13 anos. Em 1988 o Prefeito Saturnino Braga escolheu um novo local para a bela
obra, o jardim em frente a Igreja da Candelária, finalmente inaugurado em 4 de
abril. O curioso é que seu pedestal, também
decor, onde se assentava inicialmente a escultura "Oferenda",
permaneceu no local, servindo de embasamento a partir de 1950 para a estátua de
Frederic Chopin, cujo volumetria horizontal era maior que a verticalidade da
estatua. Observe o pedestal em frente ao Teatro Municipal.
Mulher com Ânfora - Oferenda-ainda no Teatro Municipal. (Ricardo Motta).
Mulher com Ânfora - Oferenda na frente da Igreja da Candelária (Ricardo Motta).
A estátua que fica atrás da Igreja da Candelária é a do Prefeito Pereira Passos. Nomeado prefeito pelo presidente Rodrigues
Alves, ao lado de Lauro
Müller, Paulo de Frontin e Francisco Bicalho,
promoveu uma grande reforma urbanística
na cidade, com o objetivo de transformá-la numa capital nos moldes
franceses.Inspirado nas reformas de Haussmann,
em quatro anos Pereira Passos transformou a aparência da cidade: aos cortiços
(locais que serviam de moradia para aqueles que não seriam benquistos na
"cidade higienizada") e às ruas estreitas e escuras, sobrevieram
grandes bulevares,
com imponentes edifícios, dignos de representar a capital federal.A reforma urbana de
Pereira Passos, período conhecido popularmente como “O Bota-Abaixo”, visou
o saneamento, o urbanismo e
o embelezamento, dando ao Rio de Janeiro ares de cidade moderna e cosmopolita.
Estátua de Pereira Passos
(Ricardo Motta).
Ponto 2 - Pira Olímpica (Pira do Povo).
A escultura que abrigou a Chama Olímpica durante os Jogos Olímpicos
de 2016.
Pira Olímpica. (Ricardo
Motta).
Conhecido por suas esculturas
cinéticas, o artista americano Anthony Howecriou a escultura que chamou a atenção na abertura dos Jogos
Olímpicos Rio2016.
A escultura, impulsionada pelo vento, gira em torno da pira olímpica refletindo
e potencializando a chama, cujo tamanho é bem menor em relação às das outras
Olimpíadas.
Feita de metal, a escultura
cinética é formada por centenas de esferas e pratos reflexivos, suportadas por
um anel ao redor da pira. Com mais de 12 metros de diâmetro e 1815
quilogramas, a obra de Anthony remete ao formato do Sol.
A Chama Olímpica é
um dos símbolos dos Jogos Olímpicos, e evoca a lenda de Prometeu que
teria roubado o fogo de Zeus para o entregar aos mortais. Durante a
celebração dos Jogos Olímpicos
antigos, em Olímpia,
mantinha-se aceso um fogo que ardia enquanto durassem as competições. Esta
tradição foi reintroduzida nos Jogos
Olímpicos de Verão de 1928. Nos Jogos
Olímpicos de Verão de 1936, pela
primeira vez ocorreu um revezamento de atletas para transportar uma tocha com
a chama, desde as ruínas do templo de Hera em Olímpia até
ao Estádio
Olímpico de Berlim.
Ponto 3 - Ruína histórica do antigo muro do Cais da
Patromoria.
O muro se localiza no complexo da Marinha do
Brasil na Praça Mauá. A Capitania dos Portos do Rio de
Janeiro ficava a poucos metros do chamado Cais dos Mineiros. O antigo prédio da
Capitania e seu muro, que sofreram diversas intervenções ao longo do tempo,
foram edificados ainda no século XVIII e como o Cais dos Mineiros (que já havia
sido denominado de Praia de Brás de Pina e Praia dos Mineiros) era utilizado
pelos patrões-mores da Capitania, ele passou a ser conhecido como "Cais da
Patromoria". A imagem 07 mostra a ruína histórica do único trecho do muro
que restou nos dias de hoje.
Ruína histórica do muro do antigo Cais da Patromoria (Ricardo
Motta).
Ponto 4 –Busto do Contra-Almirante Pedro Max
Fernando Frontin.
O busto foi realizado por Leão Veloso e inaugurado na Praia do Flamengo em 1954.
Foi transferido 1998 onde recebeu um novo pedestal e construído um
painel no seu entorno, atribuído a J. Segura.
Pedro Max Fernando de Frontin foi um militar brasileiro, pertencente à
Marinha do Brasil. Lutou ao lado da Tríplice Entente durante a Primeira Guerra
Mundial. Exerceu ainda os cargos de Chefe do Estado-Maior da Armada, Ministro
do Supremo Tribunal Militar, Diretor da Escola de Guerra Naval, Comandante do
Corpo de Marinheiros Nacionais, Comandante da 2° Divisão Naval e Comandante da
Divisão de Encouraçados.
A inauguração de 1998,
foi realizada pelo Ministro da Marinha Almirante Esquadra Mauro Cesar Rodrigues
Pereira e pela Sra. Gloria Maria Frontim Pereira Souza, sobrinha neta do
homenageado, ao som da canção DNOG, tocada pela banda dos Fuzileiros Navais do
Comando do 1º Distrito Naval.
Imagem
07. Busto do Contra-Almirante Frontin (Ricardo Motta).
Ponto 5 - Estátua do Barão de Mauá.
O
Monumento a Mauá teve origem no Clube de Engenharia, para
o cinqüentenário das estradas de ferro, que apresentou um parecer naquele
sentido, merecendo aprovação. A pedra fundamental do monumento foi
lançada no dia 30 de abril de 1904.
Composto por uma coluna dórica talhada em granito Irajá,
assente em uma base de cantaria em no seu topo está a estátua de bronze em
tamanho natural, de Visconde de Mauá. A estátua apresenta na mão um
chapéu alto e a bengala. Na base dois baixos – relevos em bronze, simbolizando,
uma indústria e representando o outro a “Baronesa”, a primeira locomotiva
no Brasil.
Irineu Evangelista de Souza, foi um comerciante, armador,
industrial e banqueiro brasileiro. Nasceu em 28 de dezembro de 1813 em Arroio
Grande, falecendo em 21 de outubro de 1889,em Petrópolis.Nascido em uma
família proprietária de uma pequena estância de gado teve o seu pai assassinado
por ladrões de gado ainda quando era criança e bem jovem veio para o Rio de
Janeiro onde fez fortuna trabalhando e depois como proprietário de firmas de
importação.
O Barão de Mauá é considerado um dos pioneiros do capitalismo
na América do Sul ao investir grande parte do seu capital na importação de
maquinário para a instalação de fábricas no Brasil. Era também um ferrenho
opositor à escravidão que causava fortes restrições das potências européias, em
particular da Inglaterra, ao comércio exterior com o Brasil. O Barão defendia
que somente com trabalhadores libertos que recebessem algum rendimento e
incremento do comércio exterior o Brasil trilharia o caminho da prosperidade,
se libertando do atraso colonialista.
Ao observamos a paisagem que compõe o entorno da Praça Mauá
de costas para a Baía de Guanabara observamos as fachadas dos prédios de
aparência totalmente distinta, o que denota as diferentes épocas em que foram
construídos, o que Milton Santos chamava de “rugosidades”.
A primeira coisa que chama atenção para o observador mais
atento é uma ausência, pois naquele local passava o elevado da perimetral,
construído de 1950 até 1978, e que foi demolido em 2013/2014 na reforma do
centro da cidade conforme o projeto Porto Maravilha.
A Praça Mauá, atualmente revitalizada pelo projeto Porto
Maravilha, foi inaugurada em 1910 juntamente com um novo cais apropriado para
receber as novas embarcações da época. Para simbolizar a homenagem ao Barão de
Mauá foi erigida bem no centro da praça um monumento com a estátua do Barão, de
autoria de Rodolfo Bernadelli.
Nas primeiras décadas a Praça Mauá foi local onde se
estabeleceram várias empresas ligadas ao comércio exterior e ao câmbio.
Destaca-se na paisagem o primeiro arranha céu da América do Sul, um prédio de
22 andares construído em 1920 e que foi a sede do Jornal A Noite. Em 1950 o
cais foi reformado para receber grandes transatlânticos com turistas para a
Copa do Mundo de futebol de 1950 que infelizmente não vieram.
Aos poucos o local passou a receber bares e boates voltados
para os marujos estrangeiros que desembarcavam dos navios mercantes e também
passou a ser um local famoso pelo comércio de prostituição. A construção do
elevado da perimetral acentuou a decadência econômica do local, e foi muito
criticada pelos moradores e proprietários da época pela desvalorização dos
imóveis e fuga do comércio local.
Como parte do projeto urbanístico Porto Maravilha foram
inaugurados na ultima década o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu do Amanhã.
Também faz parte do Boulevard Olímpico e abriga uma estação do VLT nas suas
cercanias, além de servir de sede para várias atividades culturais ao céu
aberto e abertas a todos.
O projeto Porto Maravilha tem recebido também críticas por
ter promovido a gentrificação da região portuária além de não respeitar o
significado histórico dos lugares nas suas intervenções e não ter permitido que
as comunidades tivessem suas vozes ouvidas.
Monumento a Barão de Mauá (Ricardo
Motta).
Ponto 6 - Monumento a Mercedes Baptista.
Monumento
a Mercedes Baptista localizado no Largo de São Francisco da Prainha.
Mercedes Baptista nasceu em Campos dos Goytacazes, no ano de 1921, no
estado do Rio de Janeiro, destacou-se por ser uma bailarina e coreógrafa
considerada a maior precursora do balé e dança afro-brasileira. Em 1948 ao
prestar concurso superconcorrido para o Theatro Municipal do Rio foi aprovada e
se tornou a primeira negra a integrar o corpo de baile do Municipal. Dado o
contexto da época sofreu preconceito, sendo escalada pouquíssimas vezes para
atuar. Mesmo assim, se destacou por atuar em peças nacionalistas de autores
brasileiros, sendo reconhecida por seu talento. Também atuou como militante
pelo reconhecimento de atores e dançarinos negros no teatro brasileiro.
Mercedes Baptista primeira bailarina negra do Theatro Municipal. (Rodrigo Nascimento).
Ponto 7 –Estátuas do Jardim Suspenso do Valongo.
Localizado no sopé do
Morro da Conceição, próximo ao Cais da Imperatriz, com acesso pela Rua
Camerino, chegamos ao Jardim Suspenso do Valongo. Foi idealizado
pelo arquiteto Luis Rey, no ínicio do Sérculo XX, tinhacomo finalidade atrair a
sociedade para um passeio no bosque, em meio à Cidade. Revitalizado com as
obras do Porto Maravilha, trouxe para o espaço estátuas que antes circundavam o
antigo Cais, representada pelas figuras mitológicas (imagens 11 e 12) de Minerva,
Mercúrio, Ceres e Marte.
Fazendo parte do circuito da Pequena
África, que compreende da entrada do Morro da Conceição,pela Pedro do Sal até
ao Cemitério dos Pretos Novos, passando pelo Cais do Valongo, que descreve a
história do comércio escravista brasileiro, o Jardim Suspenso com conceitos dos
jardins franceses é uma tentativa de quebrar a lógica da memória local, em
refletir o momento obscuro da história brasileira, trazendo a teoria de
“embelezar” o espaço.
Minerva e Mecúrio (Rodrigo Nascimento).
Ceres e Marte. (Rodrigo Nascimento).
Ponto 8- Obelisco do Cais do Valongo e Cais do Valongo.
Monumento em pedra e aço com a seguinte descrição: "Em
1843 o antigo Cais do Valongo foi alargado e embelezado, para receber a futura
imperatriz Teresa Cristina que chegava para casar com D. Pedro II. A Praça
Jornal do Comércio é hoje rodeada por avenidas, pelo antigo hotel Barão de
Teffé, por lojas de artigos variados, bancas de jornal, bares, etc., enfim, elementos que compõem o espaço urbano na
contemporaneidade.
No entanto, antes dos sucessivos aterros que transformaram a
configuração da cidade, essa praça era uma importante via de acesso ao Rio de
Janeiro, por estar localizada na zona portuária. Desde 1565, ano de fundação da
cidade, lá desembarcavam negros escravos, que formaram grande parte da
população dos bairros da Saúde e Gamboa. Naquela época, o local era chamado
Cais do Valongo. Em 03 de setembro de 1843, aportou no cais uma figura ilustre:
Teresa Cristina, que vinha da Itália para se tornar esposa de D. Pedro II.
Grandjean de Montigny foi responsável por embelezar o cais do Valongo
para recebê-la: as primeiras esculturas de mármore Carrara chegaram ao Rio para
adornar o local. Além de decorado e embelezado, o cais também mudou de nome:
passou a ser Cais da Imperatriz, cujo
monumento marca até hoje o local onde desembarcou a terceira (e última)
imperatriz do Brasil.
É o lugar que
atualmente ganhou o título de patrimônio cultural da humanidade. Conhecido
historicamente por ser a entrada de pessoas da África e trazidas ao Brasil para
servir de escravos. Cerca de um milhão de seres humanos escravizados chegaram
ao Rio pelo Cais do Valongo. O lugar também é utilizado por grupos de
resistência para celebrar a cultura afro-brasileira.
Cais do Valongo. Local de resistência da
cultura negra. (Ricardo Motta).
O plano mais baixo marca o Cais do Valongo. O plano mais alto marca o
Cais da Imperatriz. E o plano contemporâneo marcando o nível da praça hoje.
Ponto 9 - Colégio Pedro II - Monumento a Bernardo
Pereira de Vasconcellos.
Localizado na confluência da Avenida Marechal
Floriano e Avenida Passos, chegamos aproximadamente as 13h20m, no monumento está Bernardo Pereira de Vasconcellos (1975 –
1850), mineiro, formado em Direito pela Universidade de Coimbra, teve sua vida
ligada a imprensa e política do período imperial,divergentedas ações prevalentes
doImperador, defendeu uma série de concessões voltadas para a explosão das
riquezas e acesso a terras. Em Ouro Preto, fundou o jornal “O universal”,e em
terra Fluminense, teve um marco no ramo educacional, idealizando e fundando o
Colégio Pedro II, que hoje se torna uma das maiores redes de ensino federal, no
Estado do Rio de Janeiro, e por este fator que sua figura está imortalizada em
frente a primeiraconstrução, no campus Centro do Rio.
Imagem 13. Idealizador e fundador do Colégio Pedro
II (Sandro Beltrão).
Ainda hoje, vemos que os governos assumem o papel de preservar e
determinar a construção dos patrimônios de uma sociedade. Uma gama de técnicos,
acadêmicos e funcionários é destinada à função de preservar todos esses itens,
que articulam e garantem o acesso às memórias e experiências de um povo. Com
isso, podemos ver que o conhecimento do patrimônio abarca uma preocupação em
democratizar os saberes e fortalecer a noção de cidadania.
Com a diversificação dos grupos que integram a sociedade, podemos ver que os patrimônios também incentivam o diálogo entre diferentes culturas. Não raro, todas as vezes que fazemos um passeio turístico, temos a oportunidade de contemplar e refletir mediante os objetos e manifestações que formam o patrimônio do lugar que visitamos. Nesse sentido, a observação dos patrimônios abre caminho para que tenhamos a oportunidade de nos reconhecer e reconhecer os outros.
Com a diversificação dos grupos que integram a sociedade, podemos ver que os patrimônios também incentivam o diálogo entre diferentes culturas. Não raro, todas as vezes que fazemos um passeio turístico, temos a oportunidade de contemplar e refletir mediante os objetos e manifestações que formam o patrimônio do lugar que visitamos. Nesse sentido, a observação dos patrimônios abre caminho para que tenhamos a oportunidade de nos reconhecer e reconhecer os outros.
Traduzem um pouco da cultura formada de uma determinada sociedade, como
é o caso do monumento a Mercedes Baptista, primeira bailarina negra do Teatro
Municipal, considerada a principal precursora da dança afro-brasileira.
Bailarina de formação erudita, e a partir da criação de seu grupo, no início da
década de 1950, volta-se para o estudo dos movimentos ritualísticos do
candomblé e das danças folclóricas. Suas criações coreográficas permanecem até
hoje identificadas como repertório gestual da dança afro.
Ou ainda o monumento a Pereira Passos, o prefeito que marcou a
urbanização carioca transformou a aparência
da cidade: aos cortiços (locais que serviam de moradia para aqueles que não
seriam benquistos na "cidade higienizada") e às ruas estreitas e
escuras, sobrevieram grandes bulevares, com imponentes
edifícios, dignos de representar a capital federal.
São
monumentos construídos com os mais diversos materiais, do cobre ao mármore. São
figuras masculinas e femininas que marcaram seu tempo, transformando toda uma
geração, ou ainda como no monumento da Pira Olímpica, marca um momento único,
que foram os Jogos Olímpicos de 2016.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todo patrimônio é parte de uma herança cultural, testemunho
vivo de diferentes fases vividas pelos grupos sociais. Sua preservação é
atualmente entendida como um dever do Estado e um direito de toda comunidade. Não
podemos ignorar que uma política de preservação eficiente deve ser integrada a
comunidade, o que acontece apenas quando conseguimos atingir a Educação em
todos os níveis. É fundamental aqueles que lidam com a educação em suas esferas
mais diretas, sobretudo nós futuros professores, sabermos de que forma este
processo está sendo conduzido em nossa cidade.
A importância da inserção do estudo dos monumentos sob a
égide de um olhar geográfico, reside no estreitamento da relação das pessoas
com suas heranças culturais, estabelecendo um melhor relacionamento com os bens
que configuram determinada memória social.
Deixamos o Museu dos Pretos Novos e a casa José Bonifácio para você se
aventurar. (estão marcados no mapa).
REFERÊNCIAS.
BOTELHO, A. C. B.; EGREJAS, M.; BARTHOLO, R. A turistificação da zona
portuária do Rio de Janeiro, Brasil: por um Turismo Situado no Morro da
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GOMES, P. C. C.
Introdução: Visibilidade e Espacialidade. In, O lugar do Olhar. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2013.
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R. S. O encontro mítico de Pereira
Passos com a Pequena África: Narrativas de passado e formas de habitar na Zona
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ressonância. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2013.
GUIMARÃES,
R. S. A Utopia da Pequena África:
projetos urbanísticos, patrimônios e conflitos na Zona Portuária carioca. 1ª
Edição. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2014.
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AFRO BRASIL. Mercedes Baptista. Disponível em:
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acessado em: 17/11/2018.
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tradicional instrumento de investigação. Revista GEOgraphia (UFF), v. 13, p.
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SANTOS, MILTON, 2001 A
Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção / Milton Santos.-4. ed. 2.
reimpr.-São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.
Um poema para fechar. (sabemos que a reflexão nunca está acabada). E nada é óbvio nos tempos de hoje.
Monumentos
Que “Falam”.
Os monumentos tem valor.
Estátuas, bustos, pela metade
ou inteiras.
Ajudam a contar a história de
um lugar.
Os olhares de muitos passam
por elxs.
Mas quem são eles ou elas?
Onde estão?
No meio da multidão.
Estão lá desde “sempre”,
Ajudando a contar algo, a
demarcar um lugar.
Até que um dia percebemos sua
existência.
Ah, olhares geográficos – da
localização, da descrição, da espacialidade.
Um monumento é um marco – está
lá, posto, parado, localizado, muitas vezes serve de referência.
Às vezes na descrição –
não sabe onde é? Tá bom,te encontro na Praça Mauá, em frente aquela estátua no
alto, do barão de Mauá. Ok, me achei. Te vejo lá.
E de fato são muitos.
Imprimem na paisagem a marca
de um grupo social.
Imponente, pomposo, idealizado.
Marcam o espaço, o lugar, os
territórios: identidades.
Estão por toda paisagem,
esparramados para que todos vejam.
O lugar mostrado é sempre do
ponto de vista do vencedor (nem bom, nem mal).
Nunca do perdedor (nem bom,
nem mal).
O vencido é escondido, ou quem
sabe, ressignificado, INVISIBILIZADO.
Por que no lugar de uma
estátua negra, põe-se uma estátua grega?
Invisíveis não são mais.
Sempre estiveram lá.
A gente é que nunca olhou
direito, com o “olhar do lugar”.
Porque nem sempre o lugar do
outro é lugar de si mesmo.
Mas estão lá!
Autor: Rodrigo Nascimento.
Esse trabalho foi fantástico, pois iniciou de uma forma confusa, até chegar a ideia de focalizar nos diversos bustos que viria pelo trajeto pre-estabelecido na Cidade do Rio de Janeiro, e através com o acréscimo da pesquisa pudemos observar como essas estátuas se comunicam, através da historia e não são compreendidas. O simples olhar do público, não exprimem detalhes tão importantes que elas estão pra passar, somente pelo olhar geográfico faz essa liga, entre o objeto e a história, para então entender o porquê das coisas estarem onde estão e como estão. Foi muito gratificante fazer essa pesquisa com meus companheiros, Ricardo, Rodrigo e Sandro. Parabéns!!!
ResponderExcluirMinha Mochila Amarela que agradece a oportunidade de publicar conteúdo crítico e relevante para nossa cidade. Sem dúvida foi um trabalho engrandecedor. Agradecemos a todos os camaradas que dele participaram.
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